segunda-feira, 27 de agosto de 2012

...é preciso ter o espírito mais forte que o corpo.

A luta entre espírito e corpo já se arrasta há muito tempo em nossa cultura cotidiana. Não é de hoje que se fala que "a carne é fraca". Muita das vezes essa é a justificativa plausível para explicar aquilo que a razão e o bom-senso não permitem. O referido termo popular esconde uma verdade que nos remete à necessidade  constante de ter a mente mais forte e focada que o corpo, em geral, movido por um mero impulso.

Tentações nos colocam à prova a todo momento em qualquer lugar. Sejam elas de quaisquer tipos, nos motivam sempre a uma escolha difícil entre dois comandos que coexistem: corpo e espírito. É comum que o corpo ganhe, uma vez que os impulsos que satisfazem a este enganam o espírito sobre uma possível recompensa ou penitência futura. Da mesma maneira o espírito fraqueja em pensar que a satisfação do corpo serve de recompensa diante de qualquer privação anterior.




Definitivamente, a situação deve e pode ser invertida. O corpo é ligado ao espírito, porém este último é o responsável pela tomada de decisões e também é o que paga a conta em conjunto com o desgaste do corpo. Facilidade não existe nessa tomada de postura em favor do fortalecimento do comando mental, porém, assim como o corpo se fortalece com exercícios, o espírito se fortalece com ensinamentos e persistência.

A prevalência do espírito frente ao corpo não se remete exclusivamente a fatores ligados ao sexo e consumo de drogas, mas também a questões cotidianas que podem trazer consequências igualmente ruins como, por exemplo, o simples ato de fofocar. Neste exemplo pequeno, o corpo clama pela comunicação, enquanto a mente DEVE perseverar em manter o assunto calado. Quando o corpo vence, uma avalanche se inicia sem controle; por sua vez, quando o espírito se mantém firme em sua posição de calar o corpo, inúmeros problemas são evitados instantaneamente.

A questão não é simples tampouco de solução imediata. A fortificação do espírito frente ao corpo se dá mediante uma "malhação" ética pautada em um princípio fundamental: "Amar ao próximo como a si mesmo". Amando ao próximo na mesma extensão que nos amamos, comandamos nosso corpo para nos fazer bem e fazer bem aos outros.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

...é preciso vibrar positivamente.

Coisas erradas e inesperadas fazem parte da vida de todo mundo. De vez em quando nos deparamos com aquelas situações que nos desagradam e acabam por jogar nosso humor por terra. Não raro xingamentos, atitudes violentas e sentimentos de derrota assumem o controle de nossa mente, fazendo com que nos tornemos um pequeno gerador de vibrações pedadas e deletérias.

Ficar feliz com coisas que vão contra nossos interesses e planos é realmente difícil. Alguma forma de escape deve haver para nossa frustração, lógico. A saída, pois, está em moldar a nossa frustração para que ela nos faça o menor mal possível e também para que não contaminemos o ambiente em que nos encontramos. Isto deve ser encorajado já que é fato que os pensamentos e as atitudes contribuem para a complexa sistemática do "clima" do ambiente. Muitas vezes captamos a vibração de um determinado lugar sem sequer trocar uma palavra com as pessoas do recinto. Percebemos se o ambiente está "leve" ou "pesado" no ar.


Nesse sentido, vibrar positivamente é uma excepcional estratégia para a melhoria de tudo aquilo que nos circunda e até mesmo de nossa saúde. Palavras agradáveis, sorrisos, esperança no olhar...tudo isso atrai pessoas afins. O resultado é uma soma de bons pensamentos que resulta num microambiente ameno e propício à busca de soluções.

Logo, se o ambiente fica agradável, as soluções se tornam acessíveis e os problemas ficam com os dias contados. Permanecer em uma faixa vibratória negativa é o mesmo que se agarrar apaixonadamente ao problema: só se pensa nele, lamenta-se por ele e nada se faz em busca de uma solução. Positividade gera positividade que proporciona produtividade, amizade, caridade e cumplicidade.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

...é preciso pensar sobre a vida - Aborto

Afinal, quando a vida começa?! É muita filosofia e conceito ético para uma pergunta só. Embora pareça complexo e destinado somente a discussões acadêmicas, esse questionamento pode ser frequentemente ouvido em qualquer discussão acerca do aborto. Os defensores dessa prática alegam que a vida só se inicia após a retirada do feto do interior do corpo da mãe, ou seja, após o parto. Aqueles que não enxergam com bons olhos a prática da interrupção da gravidez, entretanto, consideram que a vida se inicia no exato momento da fecundação; motivo pelo qual enxergam no aborto um assassinato em última análise.

O debate ético é forte e as opiniões são extremamente plurais. Entretanto, as análises são feitas, geralmente, a uma certa distância da realidade e das consequências da interrupção da gravidez. Resumindo, sobram teorias e faltam avaliações pontuais de casos capazes de levantar novos questionamentos. Atualmente muitos defendem o aborto em situações extraordinárias. No Brasil, o aborto é legal em casos de gravidez oriunda de estupro, preservação da integridade física da mãe e para fetos anencéfalos. Como se pode perceber a discussão é delicada e permite uma série de interpretações e opiniões.


Visando justamente suscitar a discussão e a reflexão sobre o tema, situações particulares devem ser consideradas visando elevar nossa capacidade de discernir sobre o melhor a ser feito em cada situação. Para ilustrar, trago um caso clínico europeu. Em alguns países deste continente, o aborto é legalizado para fetos que possuem comprovada má formação. No caso em questão, um feto de poucas semanas de gestação apresentando um quadro de Hidrocefalia associado à Síndrome de Down foi submetido ao processo abortivo legalizado. O procedimento para fetos com mais de 24 semanas de gestação inclui primariamente uma injeção (para paralisar as atividades vitais do organismo em formação) seguida da indução do parto por meio de drogas apropriadas. No entanto, no caso em questão, por se tratar de um feto com pouco menos de 24 semanas de vida intra-uterina, o parto é induzido diretamente, uma vez que o recém-nascido já nasce sem sinais vitais devido à prematuridade.

Até aqui a história segue uma linha extremamente lógica, de acordo com a legislação vigente e com os conhecimento da medicina. Todavia, ninguém poderia imaginar que um feto com menos de 24 semanas de gestação poderia nascer vivo e permanecer com vida por mais de 12 horas. A equipe do hospital ficou assustada com o acontecimento que contrariou todos os prognósticos para um bebê que não possuía nem as fendas oculares formadas. O que poderia ser feito numa situação dessas quando se espera que não haja vida após a indução do parto? Uma situação embaraçosa e agoniante que serve como um ponto de análise e reflexão sobre todos nossas opiniões relativas ao aborto. Afinal, quando a vida começa?

O aborto necessita ser amplamente pensado e refletido pois interfere no mecanismo de geração da vida. As situações de aborto que se sucedem em todo o mundo na verdade escondem a mesma cena de subtração da vida de um bebê apresentada no caso relatado acima. Não nos cabe julgar quem opta por essa prática, pois não sabemos os motivos que levam a pessoa a esta atitude extrema. Porém, é nossa obrigação refletir sobre a interferência que tentamos exercer sobre o direito à vida que existe desde o primeiro instante da fecundação.


quarta-feira, 27 de junho de 2012

...é preciso aprender com as limitações.

Vamos combinar, somos péssimos em matéria de satisfação. Nada está bom em tempo algum. Por menor que seja, existe sempre alguma reclamação em nossas conversas. Não conseguimos nos sentir plenos. Um exemplo que deixa isso bem claro no nosso cotidiano são as variações climáticas. Quando chove, reclamamos. Quando faz sol e calor, reclamamos. Quando esfria, reclamamos... No fim das contas gastamos mais tempo reclamando do que aproveitando e reflexionando aquilo de bom que estas variações podem nos trazer no dia-a-dia. Afinal, sem chuva, sol, vento, frio...a vida seria meio complicada.

Reclamadores profissionais, colocamo-nos no papel de senhores da razão. Sentimo-nos capazes de julgar e opinar sobre toda e qualquer situação sempre com o falso ar de donos de si. Mínimas atitudes se transformam em motivo para explosões de insatisfação e enfado. Falta-nos a capacidade de assimilar que as únicas coisas que se regem pelo nosso controle são nosso pensamentos e atitudes. O resto são variáveis. Quando nos perdemos tentando manter todas elas sobre controle, acabamos por complicar a matemática simples da felicidade. E o pior que isso só se faz notar quando algumas variáveis deixam de ser variáveis e se excluem. Daí sentimos falta de nos aborrecer com aquilo que nos aborrecia.



Analisemos, então: se perdemos nosso tempo maldizendo coisas tão corriqueiras, como reagiríamos diante de situações capazes de nos marcar profundamente e alterar nossos caminhos na marra? Resumindo a ideia dessa pergunta: E se tivéssemos que aprender com limitações? Como reagiríamos? A princípio dois caminhos são possíveis; a revolta e a resignação. Geralmente os caminhos se tomam nessa ordem mesmo. Primeiro a explosão diante da novidade restritiva. Depois a aceitação, buscando novos caminhos.

Para ilustrar, imagine uma pessoa que orgulha-se de seu porte atlético. Exibe-se e alimenta-se de elogios e flertes como qualquer um. Como todo ser reclamante, tem seus atritos e reclama de situações da vida, como por exemplo, a impossibilidade de sair de casa por uma mera pancada de chuva. De uma hora para outra, essa pessoa se vê deitada em uma cama, imóvel, sofrendo com dores por todo o corpo, sem a possibilidade de se movimentar. O que seriam a chuva, os atritos, as reclamações diante de uma situação dessa envergadura? Nada. Nesses casos, a maior felicidade seria poder virar-se sozinho no leito e enxergar o rosto dos companheiros, uma vez que a visão já não se faz mais companheira.

Sempre que pudermos, enfrentemos os pequenos obstáculos do cotidiano. Eles não representam nem uma isca do que uma real limitação pode representar. Quando estivermos vacilantes, reclamando de bobagens, pensemos que o caso relatado no parágrafo anterior desse texto foi realmente verídico. E mesmo com todas as limitações, Jerônimo Mendonça viajava o país todo dando palestras, auxiliava na direção de uma instituição de caridade e, na impossibilidade de sair de porta em porta pedindo auxílios para os carentes assistidos, ligava do seu leito para diversas pessoas pedindo o auxílio que conviesse. O codinome "Gigante deitado" não lhe foi dado por acaso. 

domingo, 17 de junho de 2012

...é preciso ouvir.

Falamos muito. Eis um grande vício de muitos de nós. Nos expressamos muito mais do que deveríamos em determinadas situações. Falamos com gestos que exprimem nossa insatisfação e com palavras que se colocam de maneira inadequada a determinado contexto. Logicamente, todos estamos sujeitos a deslizes desse tipo, mas nem por isso devemos encará-los como normais. Identificado o problema, por que não consertar?!

Policiar-se é um bom primeiro passo. Nesse sentido, a melhor opção é dar preferência à audição que à fala. A ideia aqui é muito simples: Quanto menor a exposição, menor a chance do erro. Além de permitir que erremos menos, essa filosofia do "ouvir" permite que aprendamos mais e reflitamos antes de qualquer expressão mal colocada. Enquanto processamos as informações que chegam a nós pela audição, nos perdemos em inúmeros pensamentos que podem esclarecer diversas questões em nossa mente antes que o dardo da palavra mal colocada possa ser lançado.



Todavia a ideia do "ouvir" aqui expressa não se limita ao sentido puro e simples. Ouvir pode ser muito mais do que a simples assimilação de sons; ouvir refere-se ao saber escutar uma ideia, crítica ou comentário de outrem sem melindre ou desinteresse. As palavras de nossos interlocutores podem, claro, às vezes conter  um pouco de veneno devido à inveja, ciúmes ou qualquer outro sentimento pequeno e degradante dessa estirpe. No entanto, muitas das vezes uma crítica consciente ou um puxão de orelhas necessário são endereçados a nossos ouvidos com a melhor das intenções e encontram barreiras criadas por nossa indesejada audição seletiva. Neste sentido, muitas pessoas com problemas auditivos podem saber ouvir muito melhor que outras com ouvidos em perfeitas condições físicas.

Nada melhor para nosso desenvolvimento e crescimento como pessoa do que aprender com os erros e ter humildade para reconhecê-los mesmo quando apontados por outrem. Somos seres que erram e dependem dos erros para o aprendizado. Sendo assim, ouvir mais com o crivo da razão e falar menos, configuram-se como chave para uma vida mais tranquila e honesta consigo mesmo e com os outros.

terça-feira, 5 de junho de 2012

...é preciso raciocinar a fé.

Acreditar é muito simples. Basta um objeto de crença e um conjunto de ideias e vivências que nos conecte a esse objeto de maneira coesa. Esse conceito é o mais simplório que se pode desenvolver sobre a fé. Por isso mesmo, talvez, seja o conceito mais aplicado. As pessoas creem. Pronto. Não existe um raciocínio sobre a crença. A fé surge como uma relação mágica entre o crente e seu objeto de culto.

Existem situações diversas, no entanto, em que somos chamados a testar nossa fé. Via de regra, quando cremos por crer, nos vemos perdidos em situações difíceis. A esperada calmaria que muitas pessoas buscam ao crer em algo contrasta muito com os problemas enfrentados no auge da crença. Dessa forma, o crente que não raciocina sua fé se torna uma pessoa de fé vacilante, um fanático. Quando as coisas ocorrem de acordo com sua vontade, a fé vive no auge e lhe permite tudo. Todavia, quando problemas surgem, o desespero arrebata todo e qualquer estrutura de fé; estrutura esta moldada sem o cimento forte da razão.


Em qualquer campo de nossas vidas (religioso, científico, pessoal, ...) existem aspectos que nos pedem a crença. Por isso tamanha é a importância de se pensar em como crer. Não devemos abandonar pressupostos diante de dificuldades. A busca pelo entendimento sim deve ser elevada, moldando os conceitos que nos levam a crer em algo. Fé não é sinônimo de "atração de bons acontecimentos" ou de "fuga de decepções". Fé pressupõe entendimento e razão como base para o nosso complemento interior.

Nesta última semana, um dos maiores exemplos de fé raciocinada e equilibrada que eu conheci, partiu para uma nova jornada. O Sr. Francisco de Assis, mesmo encontrando-se em fase terminal no leito de um hospital, ensinou a todos que o acompanharam nos últimos meses o que é ter fé. As dores incomodavam mesmo com a administração de morfina. Diante desse quadro porém, ele mantinha seu discurso de crença em uma recuperação breve. Diante das maiores dificuldades de um canceroso, ele manteve-se firme e agradecido a Deus por tudo que lhe ocorria. Um homem de fé exemplar.

Devemos crer. Mas crer de acordo com o crivo de nossa razão. Nossa fé deve ser um castelo construído com  fortes bases para que não seja derrubado diante de qualquer ameaça. A estrutura pode até se abalar, mas o cimento da razão não permite um desabamento completo.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

...é preciso digerir o orgulho...

Orgulho. Todos temos um pouco e fazemos questão de mostrar de todos os modos. Ao menor sinal de insatisfação, descontentamento, desacordo...apresentamos nosso orgulho ferido. Às vezes em uma frase maldosa, outras em um olhar de repúdio, ou até mesmo em um silêncio que implora por ser notado como sinal de insatisfação. Todas estas são maneiras corriqueiras de mostrarmos como somos orgulhosos e melindrosos. E mais. Mostramos como estamos despreparados para apontar nossos próprios erros.

De vez em quando ouvimos falar sobre a necessidade constante de "engolirmos" nosso orgulho. Essa frase é batida e faz sentido. Porém, há um ponto equivocado na mesma. O ato de engolir envolve a admissão de algo sem a deglutição necessária para a boa digestão. Este conceito, além de ajudar na boa saúde do nosso corpo, nos ajuda a perceber que o importante não é engolir o orgulho. Na verdade, o relevante é digerí-lo.

Digerir o orgulho, tal qual o alimento, demanda tempo. Atropelar o orgulho não nos acrescenta em nada, uma vez que o ato se torna impulsivo. O interessante, na verdade, é educar-se para digerir o orgulho sempre que possível. Ao passo que nos treinamos nesse propósito a digestão se torna mais eficaz e rápida e logo aprendemos a assimilar os nutrientes derivados da "catálise" do orgulho.


Não creiamos, porém, que nos tornaremos pessoas acima do bem e do mal, poços de benevolência e abnegação. As mudanças para serem eficazes, não devem ser radicais; elas devem ser graduais. Aos poucos devemos passar a enxergar situações do dia-a-dia com uma visão mais ampla do que aquela que contempla qualquer atitude como um ataque ao nosso ego. Com isso, passaremos a encarar uma ofensa como algo menos severo à nossa intimidade; uma crítica como algo positivo visando o crescimento; um desacordo como um acontecimento natural entre pessoas que defendem pontos de vista diferentes; e só.

Enxergando dessa maneira, perceberemos que em muitas oportunidades nos condoemos por muito pouco. Analisando, pois, a situação após a digestão devida do orgulho, veremos que podemos estar realmente equivocados em alguns pontos. Da mesma forma, podemos começar a perceber que nossos companheiros de vida podem também estar se equivocando utilizando cores muito fortes para pintar um quadro que se desenharia muito melhor em preto e branco. Mas nesse mérito, não nos cabe julgar.

Corrigir-se no orgulho excessivo é o primeiro passo para se levar uma vida livre das amarras que nós mesmos criamos utilizando-nos das palavras de outrem.