domingo, 17 de junho de 2012

...é preciso ouvir.

Falamos muito. Eis um grande vício de muitos de nós. Nos expressamos muito mais do que deveríamos em determinadas situações. Falamos com gestos que exprimem nossa insatisfação e com palavras que se colocam de maneira inadequada a determinado contexto. Logicamente, todos estamos sujeitos a deslizes desse tipo, mas nem por isso devemos encará-los como normais. Identificado o problema, por que não consertar?!

Policiar-se é um bom primeiro passo. Nesse sentido, a melhor opção é dar preferência à audição que à fala. A ideia aqui é muito simples: Quanto menor a exposição, menor a chance do erro. Além de permitir que erremos menos, essa filosofia do "ouvir" permite que aprendamos mais e reflitamos antes de qualquer expressão mal colocada. Enquanto processamos as informações que chegam a nós pela audição, nos perdemos em inúmeros pensamentos que podem esclarecer diversas questões em nossa mente antes que o dardo da palavra mal colocada possa ser lançado.



Todavia a ideia do "ouvir" aqui expressa não se limita ao sentido puro e simples. Ouvir pode ser muito mais do que a simples assimilação de sons; ouvir refere-se ao saber escutar uma ideia, crítica ou comentário de outrem sem melindre ou desinteresse. As palavras de nossos interlocutores podem, claro, às vezes conter  um pouco de veneno devido à inveja, ciúmes ou qualquer outro sentimento pequeno e degradante dessa estirpe. No entanto, muitas das vezes uma crítica consciente ou um puxão de orelhas necessário são endereçados a nossos ouvidos com a melhor das intenções e encontram barreiras criadas por nossa indesejada audição seletiva. Neste sentido, muitas pessoas com problemas auditivos podem saber ouvir muito melhor que outras com ouvidos em perfeitas condições físicas.

Nada melhor para nosso desenvolvimento e crescimento como pessoa do que aprender com os erros e ter humildade para reconhecê-los mesmo quando apontados por outrem. Somos seres que erram e dependem dos erros para o aprendizado. Sendo assim, ouvir mais com o crivo da razão e falar menos, configuram-se como chave para uma vida mais tranquila e honesta consigo mesmo e com os outros.

Um comentário:

  1. "SABER OUVIR - Redação do Momento Espírita -

    Thomas Edison, o inventor da lâmpada, perdeu boa parte de sua capacidade auditiva quando tinha doze anos de idade.
    Só podia ouvir os ruídos e gritos mais fortes.
    Isso, no entanto, não o incomodava.
    Certa vez, indagado a respeito da sua deficiência, respondeu com serenidade:
    “Não ouço um passarinho desde meus doze anos, mas em vez disso constituir uma desvantagem, minha surdez talvez tenha sido benéfica para mim. Ela encaminhou-me muito cedo à leitura e, além disso, pude sempre concentrar-me com rapidez, já que me encontrava naturalmente desligado de conversações inúteis.”
    A singela observação guarda grande ensinamento.
    A maior parte de nós tem plena capacidade auditiva, mas isso não significa necessariamente que tenhamos o dom de saber ouvir.
    Embora a audição seja uma dádiva maravilhosa, não há como negar que poucos, muito poucos de nós, dominamos a arte de ouvir.
    Ainda não conseguimos ouvir os queixumes dos outros sem que atravessemos um comentário a respeito da nossa própria desdita.
    Deixamos assim de escutar as histórias dos outros, para narrar a nossa própria, como se apenas esta fosse digna de ser registrada e conhecida.
    Ainda não conseguimos ouvir as críticas que nos fazem.
    Em poucos instantes já estamos irritados e ofendidos, mais preocupados em nos defender ou até em agredir verbalmente o outro.
    Ouvir com serenidade tudo o que nos querem falar, por ora, parece ser superior às nossas forças.Ainda não conseguimos ouvir conselhos e orientações que sejam dirigidas à nossa melhoria íntima.
    Esse tipo de conversa sempre nos parece aborrecida e sem sentido, afinal, muitas dessas palavras sábias representariam mudança de conduta e o abandono de muitos vícios.
    Não estamos dispostos a isso.Mas se a conversa gira em torno de maledicências, aí então, os ouvidos parecem ficar mais capazes de registrar sons e nosso interesse fica aguçado. O sono passa e sempre há tempo para querer saber algum detalhe a mais a respeito do assunto.
    Muita conversa inútil preenche nossas horas e consome nosso tempo.
    Muitos exemplos infelizes são tomados como modelos de atitude, por equívoco daqueles que os ouvem.
    Inúmeras dificuldades são criadas em nossa intimidade pelo desequilíbrio gerado pela maledicência.Por outro lado, muitos amigos precisam de nós para um diálogo saudável e nós não temos sensibilidade suficiente para deixá-los falar. Muitas palavras acertadas que nos auxiliariam a não incidir mais uma vez no mesmo erro, deixam de ser escutadas por desatenção.
    * * *
    A capacidade de ouvir não se limita exclusivamente à possibilidade de captar sons.
    Temos sido surdos em um mundo repleto de sons e de melodias que poderiam transformar nossas vidas em sinfonias de amor e de realização.
    Temos sido criaturas incapazes de perceber palavras e histórias maravilhosas que ilustram a existência dos seres que nos cercam e que muito poderiam nos ensinar.
    Temos sido deficientes auditivos quando se trata de escutar verdadeiramente aquilo que precisamos ouvir.
    É necessário e urgente que desenvolvamos a real capacidade de ouvir. "
    ....o texto aqui só completa o que Eduardo nos diz com tanta propriedade , segurança e amor...
    sem dúvida, ouvir ainda tem sido uma das armas menos usadas para nossa dignidade fisica, moral e espíritual...saudemos nossos ouvidos, afinal temos dois em contrapartida a uma só lingua - arma pronta a matar e destruir nosso próximo!!

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