domingo, 25 de março de 2012

...é preciso respeitar as diferenças.

Milhões de cabeças levam a bilhões de sentenças. As crenças nas questões mais filosóficas da vida são tão pessoais que produzem julgamentos totalmente individuais diante de determinadas situações. E isto ocorre mesmo dentro de um determinado grupo seguidor de uma certa fé ou ideologia. Sendo isso algo corriqueiro, o que podemos esperar das diferenças de pensamento entre pessoas de culturas, ideologias, filosofias ou fés distintas?! Estariam todos certos ou todos errados? De Bröglie gostaria muito da resposta a esta pergunta: Todos estão certos e todos estão errados ao mesmo tempo; depende do observador. É a dualidade ético-filosófica.

Por diversas vezes nossa maneira de pensar (filosofia) leva a determinadas verdades internas que são muito lógicas para nós. Entretanto, em termos práticos, nem sempre tal "verdade" torna-se aplicável, pois, muita das vezes, esbarra na diferente maneira de pensar de nosso próximo (outra filosofia). Esse choque de filosofias pode gerar desconfortos e situações que invadem de maneira abrupta a vida das pessoas, o que passa a se configurar como uma questão de infração ética, em alguns casos.

O que acabou de ser colocado se configura na dualidade ético-filosófica (parafraseando De Bröglie) acima citada. E isto é fácil de entender. Para um "observador" muito próximo (lê-se conhecedor) de uma dada filosofia em questão, todas as atitudes concernentes a esta filosofia fazem absoluto sentido. Todavia, para um observado externo (lê-se adepto de outra forma de pensar) as mesmas atitudes podem ser encaradas como inadmissíveis. Desta forma, o que para um é legítimo, para outro pode ser ultrajante.



A questão pode ser ilustrada com cores mais fortes quando consideramos filosofias religiosas. Em algumas crenças, a pena de morte é admitida e as punições severas são corriqueiras. Em outras, porém, tal fato é totalmente desencorajado e visto como algo totalmente indigno para uma criatura humana. São diferentes pontos de vista que levam a discussões éticas graves.

Em nosso país, contudo, essas discussões não chegam ao ponto da decisão direta sobre o direito à vida humana, por exemplo. Mesmo assim, verifica-se ainda um enorme desrespeito à fé/filosofia/crença alheia, com base em argumentos vagos e irracionais. Inimportando o campo das diferenças o importante é o respeito.

Retomando a analogia ao postulado de De Bröglie, devemos atuar como bons observadores. E quais seriam estes? Os observadores ideais são aqueles capazes de enxergar a luz como onda e como partícula, simplesmente mudando sua atitude diante do objeto de análise (no caso, a luz). Resumindo e adaptando para nosso caso, o respeito às diferentes formas de crer e pensar surge com a capacidade de adaptação íntima. Podemos aliar filosofias e éticas distintas para uma mesma situação; a variável determinante é a nossa capacidade de alterar o ponto de vista.

E qual a melhor maneira de provocar isso? Nós só conseguimos entender ou enxergar algo à medida que nos aproximamos. Logo, o estudo e o conhecimento sobre ideias diferentes das nossas nos dá base para entender, aceitar e até criticar uma dada forma de pensar. Sem este artifício, seremos meros observadores dos "nossos fenômenos" eternamente verdadeiros. 

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